quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces,
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida.
E eu sinto que em meu gesto existe teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surja em mim como a fé nos desesperados
para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
que ficou sobre minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei.. tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada!
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande intimo da noite.
(...)
E todas as lamentações do mar, do vento , do céu, das aves e das estrelas
serão a tua voz presente, aa tua voz ausente, a tua voz serenizada!
Vinicios de Moraes

Nenhum comentário: