segunda-feira, 18 de agosto de 2008


Como nos enganamos fugindo ao amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar sua espada coruscante, seu formidável poder de penetrar o sangue e nele imprimir uma orquídea de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor que trazias para mim e que teus dedos confirmavam ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro,o Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava,quando - por esperteza do amor - senti que éramos um só.

Carlos Drummond

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