terça-feira, 10 de junho de 2008

[qdo não só de sonhos se alimenar a felicidade]


Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor. Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for tão distante, quando o frio responder devagar como a voz arrastada de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela.sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar a perfeição da felicidade

-> José Luís Peixoto
in "a criança em ruínas"

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